1. ANTECEDENTES - A BANDEIRA ESCOLÁSTICA (RETÁBULO) Meados do sec. XIX até ao princípio do sec. XX |
No séc. XIX, o pinheiro, que seguia em cortejo no número iniciador da festas nicolinas, era erigido como mastro que servia para suportar a “bandeira escolástica” que seria um retábulo em madeira representando a figura de Minerva. Essa bandeira, entretanto, perdeu-se. |
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Infelizmente não há registos fotográficos nem gravuras que nos permitam
reconstituir com aproximação suficiente o que seria essa “bandeira
escolástica”, o retábulo de Minerva. Lança-se aqui o desafio: será possível recuperar esse ícone paras as nossas festas? PINHEIRO ANUNCIADOR DAS NICOLINAS SUA ENTRADA FESTIVA NA CIDADE “Toda a festa popular, anunciada a maneira antiga, começa por erguer um mastro, arvorando no seu tope uma bandeira. A bandeira das Nicolinas era um retábulo, onde se via pintada a figura de Minerva. Destarte o Santo dava a alternativa a Minerva - deusa da Ciência e das Letras. Largos anos este retábulo foi içado no alto mastro anunciador da função escolástica. Um dia - desapareceu!...” In O S. NICOLAU DOS ESTUDANTES, A. L. de Carvalho, 2º. Ed., 1956 As Nicolinas de 1865 Festejos Escolásticos. – Principiaram quarta-feira os festejos que todos os anos faz nesta cidade a classe escolástica, e que são conhecidos pelo nome de festejos de S. Nicolau. Levantou-se no Toural o mastro com a bandeira escolástica, o qual foi até ali acompanhado por grande número de estudantes, com música. Ao levantar-se o mastro, subiram ao ar alguns foguetes, e de manhã percorreu as ruas da cidade a mesma banda de música. Gazeta do Minho, n.º 4, 1.ª série, Guimarães, 1 de Dezembro de 1865 2. BANDEIRA DO LICEU DE GUIMARÃES (DITA “DA ACADEMIA”)
Princípio do séc. XX
DESCRIÇÃO DA BANDEIRA
Autoria: Prof. José de Pina (?), anterior a 1927 A bandeira tem dimensões aproximadas de 2x1,5m. O seu fundo é verde-escuro e nele estão representados vários motivos pintados a tinta. Ao centro está um mocho, simbolizando a sabedoria, mocho esse que era costume associar e representar junto da deusa Minerva. O mocho pousa sobre um livro encadernado a azul, que simbolizará o conhecimento, e é rodeado por um aro de fundo vermelho ornado de motivos vegetais. Por trás aparece a esfera armilar que representa os novos mundos que os navegadores portugueses deram ao mundo. No plano posterior vê-se uma faixa de cor amarelo-dourado onde assenta, ao que parece, uma pipeta em vidro, que representará a experimentação das ciências. No último plano aparece uma folha de palma. A palma é o símbolo romano da vitória, associada à exaltação dos grandes feitos. Debaixo do livro, onde pousa o mocho, nasce um nó de onde partem duas pontas de uma fita em seda azul onde está inscrito “Liceu de Guimarães”. 3. RÉPLICA DA BANDEIRA RÉPLICA
DA BANDEIRA DO LICEU DAE GUIMARÃES (dita da Academia)Autoria: dra. Marta Nuno, MMX Em 2010 foi feita uma réplica, tão fiel quanto possível, pela nicolina Marta Nuno. Essa réplica foi entregue com a intenção de servir as sucessivas Comissões de Festas, ficando depositada na Torre dos Almadas, no final de cada ano das Nicolinas, à guarda da AAELG/VN. A autora decidiu executar a obra recorrendo à técnica do bordado que é menos perecível que a da bandeira original (pintura). Ao desenho original acrescentou uma dedicatória: “À ACADEMIA NICOLINA” Reproduzimos um extrato do discurso proferido pela autora da réplica aquando da sua entrega a 29 de novembro de 2010, dia primeiro do calendário nicolino: |
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“[…] Não domino a arte dos pincéis, como o prof. José de Pina, a quem se atribui a autoria da bandeira original. Mas entendo-me razoavelmente com agulhas e linhas. Por isso a réplica da bandeira, ao invés de ser pintada, é bordada. Essa é a primeira nuance… várias outras foram introduzidas: desde a interpretação do desenho original aos degradées e matizes de cores já tão desbotadas. | |||||
Nesta fase contei sempre com a
inestimável consultoria do João Miguel, cujo acompanhamento, opiniões e críticas, ajudaram a encontrar um caminho para o resultado final. Não
mais me esquecerei das discussões que tivemos sobre as folhas do livro, o
nó da fita do laço, as sombras da esfera armilar e as penas do mocho.
Obrigada! Pretendi, com esta réplica, prestar uma homenagem simbólica
à Academia Nicolina, entidade imaterial que representa todos nós
nicolinos, motivo pelo qual essa alusão figura também nesta bandeira, a
título de dedicatória. A todos peço, contudo, que sejam tolerantes porque não sou bordadeira profissional. Fiz o melhor que podia e sabia. Fi-lo com paixão e empenhamento […] Porque ser nicolino é um sentir intenso que nos enche a alma… todos os dias do ano!” Miguel Bastos, MMXI |