Os primórdios do ensino em Guimarães estão ligados à Aula de Latim que funcionava anexa à Colegiada (os professores eram cónegos seus) com Coreiros e Estudantes. Há documentos do séc. XVI (1537-1543) que referem o funcionamento da Universidade da Costa sediada no Mosteiro aí situado. Autorizava o alvará de D. João III de 6 de Junho de 1541 que aí se dessem os graus de Bacharéis, Licenciados e Mestres de Artes, gozando os alunos de todos os privilégios, liberdades, proeminências e isenções tal qual os que se graduavam na Universidade de Coimbra.
Para
além das Aulas da Colegiada há notícias de Aulas de Gramática do Padre Leandro
de Castro no séc. XVIII, Aulas de Retórica e Poética no Convento de S. Domingos
no início do séc. XIX, de um Curso de Aritmética, Geometria, Geografia e
Línguas Francesa e Inglesa em 1860 e Aulas de Aritmética, Geometria aplicáveis
à Indústria no edifício do Convento de S. Francisco em 1865.
Entretanto
surgiram outros Estabelecimentos de Ensino, destacando-se, já no final do
século passado: o Colégio das Hortas (que funcionou no Palácio do mesmo nome)
em 1881, o Instituto Escolar da Sociedade Martins Sarmento em 1882, a Escola
Industrial "Francisco de Holanda" em 1885, o Seminário da Nossa
Senhora da Oliveira em 1891, o Colégio de S. Nicolau em 1893, o Colégio de S.
Dâmaso (que funcionou, também, no Mosteiro da Costa) em 1895. O Seminário
começou na Praça de S. Tiago e instalou-se volvido dois anos no extinto
Convento de Sta. Clara.
Em
1896 foi criado o Seminário-Liceu, em 1911 este acaba e permanece o Liceu
Nacional que entretanto passa a Central em 1917 e é apelidado de "Martins
Sarmento" em 1919, sendo depois despromovido a Municipal em 1935.
Em
1947 passa novamente a Liceu Nacional e em 1960 deixa a o Convento de Sta.
Clara e é instalado no Edifício que atualmente alberga a "Escola
Secundária Martins Sarmento".
Após
a reforma do ensino, há duas décadas atrás, a Escola Industrial e Comercial
passa a "Escola Secundária Francisco de Holanda" e surgem,
entretanto, a "Escola Secundária da Veiga" e o "Colégio Egas
Moniz", já desaparecido.
Como
corolário da evolução do ensino nesta cidade, é criado, na década de 70, o Pólo
de Guimarães da Universidade do Minho. Falta, tão só e finalmente, instituir a
Universidade de Guimarães, para que se imponha e deixe de ser um anexo
secundário da referida Universidade minhota cada vez mais centralizada...
Os Movimentos
Académicos Vimaranenses
Dando
primeiros sinais de associativismo, em 1662 os Estudantes pedem ao cabido da
Colegiada um local para erigirem uma capela evocativa de S. Nicolau Bispo para
nela criarem confraria ou irmandade. Os Cónegos autorizam a sua construção na
parte direita da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, encostada à sacristia,
junto à capela de Santo Estêvão, entregando-lhes o terreno de então para todo o
sempre. Na sequência, a Irmandade de S. Nicolau vê redigidos novos Estatutos,
aprovados em 1691.
Já no século
XIX e em virtude da decisão da Colegiada em retirar aos Estudantes um famoso
legado de que falaremos a seguir, que era um uso adquirido, houve uma reação
por parte destes interpondo uma ação que foi ganha, em 1837, mas que, após o
recurso do cabido, viria a ser revogada por decisão da relação do Porto. Em
consequência de todo este movimento foi fundada nesse mesmo ano a Associação
Escolástica Vimaranense dotada de estatutos numa linha de continuidade do
referido Compromisso de S. Nicolau de 1691.
Na década de
60 deste século os "Nicolinos Velhos" fundam a Associação dos Antigos
Estudantes do Liceu de Guimarães, com estatutos aprovados por despacho
ministerial de 17de Julho de 1961 e publicado no Diário do Governo n.º 196 de
22 de Agosto desse ano. Os fins que a Associação tem em vista são os
seguintes:
a) manter a
tradição escolar vimaranense, subsidiando, colaborando e incitando os
Estudantes que frequentam o Liceu de Guimarães a realizarem, em cada ano e na
época própria, as chamadas Festas Nicolinas.
b) criar e
manter um serviço de informações relacionado com a vida cultural da cidade e
concelho de Guimarães e do qual possam beneficiar todos os associados e
especialmente os que residem noutros concelhos;
c) auxiliar,
por meio de subsídios pecuniários ou por qualquer outro meio, os estudantes
pobres que frequentem o Liceu de Guimarães e que demonstrem aptidões para o
estudo;
d) estimular,
promovendo reuniões periódicas, o espírito de franca e leal camaradagem entre
todos os indivíduos que frequentaram o Liceu o Seminário--Liceu de Guimarães;
e) promover a
aquisição de documentos bibliográficos relacionados com a vida académica de
Guimarães e seus festejos, criando e organizando o conveniente arquivo.
Note-se que a referência a Liceu e Seminário-Liceu de Guimarães se justifica visto serem os estabelecimentos que existiam ou tinham existido até à altura (1961)."Pregões de São Nicolau - desde 1817"