A CULPA FOI DO ALMEIDA
20 Danças depois… um adeus
Mensagem de Sua Excia., o Director- cessante
Estávamos em 1996. Era recém-casado e há pouco tempo emigrado no Vale do Sousa.
Tinha tirado um curso de Orfeão Universitário do Porto e depois de, como actividade extra-curricular, me ter licenciado em Engenharia Civil, estudava para uns exames de Filosofia.
Foi então que recebi um telefonema do Almeida (acho que nesses fins do Século XX já havia telemóveis).
O meu amigo Almeida, meu quase-irmão, que conheci no Andebol do Vitória (sim… eu fui campeão Regional Júnior, guarda-redes… treinado pelo Reis!) e que era do ano antes do meu no “Liceu”, tinha feito comigo o tirocínio da Universidade do Porto no Orfeão (no caso dele, nos tempos livres, arranjou um canudo de Médico Dentista) e, mais que isso, tínhamos partilhado o mesmo tecto (sim… nessa altura a “palavra” tecto tinha uma estalactite chamada “c”…) durante meia-dúzia de anos – um apartamento caótico onde pernoitavam quatro-vimaranenses-quatro.
O Almeida, retomo o fio da história, a alturas de 1996, director da AAELG, telefonou-me.
“Misha, preciso da tua ajuda!... Queríamos que escrevesses para as Danças”. O rapaz que tinha sido comigo JOGRAL do OUP, achava, na sua boa-fé, que eu seria capaz de escrever umas coisas…
Sendo o interlocutor quem era, eu, mesmo desconhecendo alegremente o que eram verdadeiramente as Danças de São Nicolau, respondi-lhe “’Tá bem… podes contar comigo”.
Eis a verdade que justifica o título “A culpa foi do Almeida”.
Aterrei, então no meio de uma horda de Velhos (e Novos) Nicolinos. Conhecia alguns mas desconhecia a maior parte. Ao princípio estranharam-me mas logo me receberam com autêntico espírito académico: de braços abertos.
A história, depois, faz-se ao longo de 20 edições (incluindo esta) das Danças que dirigi e para as quais escrevi grande parte dos textos – Criei assim esta versão de espectáculo (?) surrealista, ensaiando sempre na Sede dos Trovadores do cano e passando pelos palcos do Auditório da Universidade do Minho, primeiro, e do Grande Auditório do centro Cultural Vila Flor, depois.
Tudo isto para grande infortúnio da minha patroa, Adriana de sua graça, cujo único defeito que conheço é não ser vimaranense e que tem dado mostras, nestas duas décadas dançantes, de uma paciência olímpica, a exemplo de outras “viúvas nicolinas”.
Esse percurso chega agora ao fim.
Vou deixar de ser director da Danças de São Nicolau.
Não abandonarei, contudo, o barco…. Passarei, apenas, de Almirante a cabo.
As instituições, as organizações para terem vitalidade e continuidade no tempo devem sobreviver às pessoas. São precisos outros protagonistas, outras abordagens, outras visões.
Costuma-se dizer que um homem para se realizar deve ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Filhas tenho duas, a Matilde e a Eunice, que são a luz dos meus olhos, árvores já plantei várias (incluindo muitos pinheiros) e posso dizer que o livro que escrevi tem 20 volumes e que se chama “danças de São Nicolau”.
Como dizia o meu amigo Zé Manel Fernandes, sempre presente nestas anDanças: Ser Nicolino é ser vimaranenses duas vezes!
Sempre servi as Nicolinas e nunca delas me servi.
Passaram nos últimos 20 anos muitos e muitos Nicolinos por esta coisa das Danças.É preciso uma grande dose de loucura para sobreviver neste grupo que, na minha modesta opinião, é a mais activa das “tertúlias nicolinas”. Os ensaios, a própria função e um jantar dito de “balanças do danso” que temos feito ultimamente nos princípios de Janeiro são acontecimentos épicos!
Todos os “artistas” são fundamentais. Não posso, contudo, deixar de relevar aqui e agora dois particulares amigos e personalidades nicolinas de relevo que, por razões diferentes, não estão desta vez fisicamente em palco connosco:
- Ricardo Gonçalves, apodado de “Gigio”, que se desdobrou em múltiplas e inesquecíveis personagens, para além de colaborador na escrita;
- Chico Ribeiro que deu corpo a um personagem-âncora das danças que eu inventei: o “Camareiro Larilas”.
Em vós dois e nos demais deixo aqui o meu obrigado.
Que maravilha é o podermo-nos rir da vida, nem que seja por instantes!
Tenho a convicção que cumpri a missão. Bem-hajam!
Até para o ano já como cabo-do-mar….
Sempre por Guimarães e pela Nicolinas
Miguel Bastos
FICHA TÉCNICA
Concepção e Direcção Geral - Miguel Bastos
Textos originais e adaptações Miguel Bastos, Jorge Castelar, Francisco Castro Ferreira, Rui Melo, Ricardo Gonçalves
Letras - Miguel Bastos, Paulo Rodrigues
Músicas originais Paulo Rodrigues, Tiago Simães
Gravações - João “Xtrondo” Guimarães
Direcção musical - Tiago Simães
Coreografia - Sofia Ribeiro
Cenografia - Carlos Coutinho, Miguel Bastos
Operador multimédia - João Bernardo, José Manuel A. Fernandes
Capa e desenho gráfico - Miguel Sousa
Apoio organizativo - Augusto Costa, João Neves, Vicente Salgado
Sonoplastia / Luminotecnia Equipa do C. C. Vila Flor
Ponto Electrónico e VOZ-OFF - José João Torrinha
Filmografia - Ricardo Leite
Guarda-Roupa/Adereços - A. A. E. L. G. – Velhos Nicolinos, Paula Freitas
Orquestra - Trovadores do Cano
Direcção da orquestra - Maestro Manuel Magalhães
Ensaios Sede dos Trovadores do Cano
Convívio - Associação Cultural e Recreativa
INTERVENIENTES
Alberto Guimarães
André Assis
André Coelho Lima
André Malheiro
António Araújo
Armando Castro
Augusto Costa
Carlos Alpoim
Carlos Coutinho
Carlos Marques
César Machado
Fernando Ribeiro
Filipe Guimarães
Francisco Castro Ferreira
Francisco Leite
Francisco Ribeiro
João Bernardo
João Mesquita
João Neves
João Pedro Raynoch
Jorge Castelar
José Almeida
José Diogo
José Gaspar Jordão
José João Torrinha
José Manuel Fernandes
José Ribeiro
José Vítor Pereira
Luís Alves
Luís Guise
Marco Miranda
Marco Rodrigues
Miguel Bastos
Nuno Fernandes
Nuno Florêncio
Nuno Meneses
Paulo Rodrigues
Pedro Carvalho
Pedro Cunha
Pedro Lemos
Pedro Sousa
Pedro Vinagreiro
Rui Barreira
Rui Fernandes
Rui Melo
Rui Silva
Tiago Guimarães
Tiago Simães
Vicente Salgado
Comissão de Festas Nicolinas
Presidente - Rui Leite
Vice-presidente - Frederico Lopes
Tesoureiro- Diogo Gonçalves
Secretário- Francisco Magalhães
1.ºVogal da Academia - João Nicolau
2.ºVogal da Academia - Nuno Guimarães
1.ºVogal de Festas - Henrique Mesquita
2.ºVogal de Festas - João Fonseca
Chefe de Bombos - Afonso Coelho Lima
Sub-chefe de Bombos - José Pizarro
Num espírito ecológico e no âmbito da candidatura de Guimarães a Capital verde as Danças de 2015 recorrem aos 3 r’s:
Haverá quadros reciclados, reutilizados e recauchutados!
Veremos coisas respigadas das últimas 20 edições.
Algumas recuperadas, outras retocadas, outras completamente reescritas.
Mas haverá material completamente novo!