Arquivo: O Toural e as Nicolinas
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O Toural está indissociavelmente
ligado às festas dos estudantes de Guimarães a S. Nicolau. Foi aí que,
durante a maior parte do século XIX, os estudantes ergueram a sua
bandeira anunciadora da festa. De todas as que conhecemos, referência
mais antiga a esta prática leva-nos até 1822. Nesse ano, o intendente
geral da polícia proibiu as máscaras em dia de S. Nicolau. Os estudantes
recorreram desta decisão para o rei, que, numa portaria de 12 de
Dezembro, lhes concederia autorização para se mascararem. Para assinalar
esta vitória, os estudantes ergueram a sua bandeira no Toural (um pouco
fora do tempo, no dia 18) e, entre foguetes e repiques dos sinos,
saíram à rua numa “encamisada”, recitando versos e dando vivas a D. João
VI. O mastro com a bandeira, que viríamos a conhecer como o pinheiro,
foi erguido no Toural até que, no final da década de 1870, se instalou
na praça o jardim que se fechava atrás de grades e de portões de ferro. A
partir daí, o pinheiro passou a ser conduzido para a praça de D. Afonso Henriques.
No passado, o essencial das festas
de S. Nicolau acontecia no Toural, em redor do pinheiro. Assim sucedia
com o magusto, que ocorria na madrugada do dia 5 de Dezembro e que os
estudantes ofereciam aos músicos da banda que os acompanhava e aos
homens que transportaram, em forcados, o mato da posse que
recebiam dos oleiros da Cruz de Pedra. A seguir ao magusto, os
estudantes partiam do Toural, ao som da banda de música, para recolherem
as outras posses.
O Toural era também um dos
principais palcos das danças. Depois do ajardinamento da praça, seriam
exibidas no coreto ali instalado.
A praça era ainda o território da
entrega das maçãs, que se iniciava com a entrada dos estudantes no
Toural, passando em frente do pinheiro, em manifestação de homenagem à
deusa da ciência, Minerva. As moças a quem eram oferecidas as maçãs
postavam-se nas varandas da praça, o que aconteceu quase até ao final do
século XX, altura em que este número foi transferido para as praças da
Oliveira e de S. Tiago. Por coincidência, esta transferência coincidiu
com o acentuar da decadência das Maçãzinhas que, no passado, eram um dos momentos mais altos das Festas Nicolinas.
E o pregão nunca deixava de passava passar pelo Toural, uma das estações onde era recitado.
E era lá que estava o chafariz, cuja vocação nicolina está bem documentada.
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O Toural e as Nicolinas sempre
andaram ligados. Renovada a praça, faz todo o sentido devolvê-la à sua
condição de principal palco das festas dos estudantes de Guimarães.
Ganhavam as festas e ganhava a praça.