LICEU DE GUIMARÃES - SUAS ORIGENS
1. A criação do Pequeno Seminário de Nossa Senhora da Oliveira
A cidade de Guimarães era, na segunda metade do século XIX, um dos mais dinâmicos núcleos urbanos portugueses, constituindo-se como um dos primeiros centros do Portugal contemporâneo, assente na indústria têxtil.
Desde há muito que os grupos económicos e sociais dominantes em Guimarães pugnavam pela criação do liceu. Esta povoação, elevada ao estatuto de cidade apenas em 1853, afirmou-se, ao longo da segunda metade do século XIX, como um contraponto à capital distrital, Braga. A rivalidade secular entre as duas cidades, tem como efeitos, em 1890, a criação pelo Parlamento, sob a influência de João Franco (deputado por Guimarães), do Pequeno Seminário de Nossa Senhora da Oliveira.
Por Carta Régia de 8 de Janeiro de 1891 dirigida ao arcebispo de Braga, o Governo clarifica que tipo de estabelecimento de ensino é criado: Art. 6º- " É criado, junto da mesma colegiada, um instituto de instrução pública e gratuita, com a denominação de Pequeno Seminário de Nossa Senhora da Oliveira, que será por vós dirigido e administrado (...)". Eram ministradas as disciplinas de habilitação para a matrícula no 1º ano do curso teológico; além das matérias indicadas no art. 6º, haveria ali também aulas de Princípios de Física, Química e História Natural, Desenho e Música. Assim, paralelamente ao curso normal dos seminários, o Governo admitia, deste modo, que o novo estabelecimento de ensino pudesse também ser frequentado por alunos não destinados ao sacerdócio. Começava pois, a funcionar, embora sem ser explicitamente designado, o curso liceal em Guimarães.
No mesmo ano, e por pressões de várias entidades locais (Câmara Municipal, Sociedade Martins Sarmento), o arcebispo de Braga acaba por se conformar e aceitar o carácter especial do curso a leccionar no Pequeno Seminário da Oliveira.
2. Do Seminário-Liceu de Guimarães ao Liceu Martins Sarmento
Em resultado das diligências camarárias, da Sociedade Martins Sarmento da imprensa vimaranense, em 1896, numa das leis regulamentadoras da reforma do ensino secundário de Jaime Moniz, se diz que " fica o governo autorizado a transformar em Liceu Nacional o Pequeno Seminário de Guimarães."Foi deste modo criado o Seminário-Liceu de Guimarães, para cuja sustentação o município deu uma contribuição fundamental, ao pagar os salários de alguns docentes, bem como uma parte significativa do mobiliário, além do material escolar e de secretaria e de obras de manutenção e reparação do edifício. Após a implantação da República o Seminário-Liceu foi transformado, logo em 1911, em Liceu Nacional, sendo extinto o curso teológico.
Prof. Cristiana Lopes
in “O Pregão”
Março 2006