Arquivo: E se o pinheiro fosse um pinheirinho?

O Pinheiro é o número das Nicolinas que, quando toca a interpretá-lo, mais discussões tem gerado. A crer numa linha de interpretação que vai fazendo o seu caminho, para os estudantes de Guimarães, velhos e novos, o pinheiro nicolino seria uma espécie de totem fálico, assumindo a representação simbólica da virilidade. Para apimentar e corroborar esta interpretação, vem sempre à colação a costumeira de sangrar e rebentar a pele dos bombos, à força de investidas com a baqueta, objecto cuja forma é suficientemente sugestiva para servir de ilustração a esta teoria. Todavia, pelo menos originalmente, o pinheiro não seria mais do que um pau para a bandeira que anunciava as festas a Nicolau e a pele do bombo e a baqueta seriam, simplesmente, a pele do bombo e a baqueta com que se proclamava a Guimarães e aos quatro ventos que o pinheiro estava a chegar.


imagem obtida aqui

Todavia, para além da conjectura do culto fálico, inegavelmente sedutora, são possíveis outras interpretações para o significado da presença do pinheiro como um dos protagonistas das festas a S. Nicolau. Por exemplo, a hipótese, que não tenho visto explicitada pelos teóricos e analistas das Nicolinas, que permite a associação do pinheiro nicolino ao pinheiro de Natal. E esta não é uma possibilidade tão absurda quanto possa parecer.

Segundo a explicação mais corrente, a tradição do pinheiro de Natal terá começado na Alemanha do século XVI, tendo-se espalhado em seguida pelo resto da Europa. Por volta de 1800, chegou aos Estados Unidos. Mas a sua origem pode ser procurada ainda mais longe, já que na Antiguidade Clássica os romanos enfeitavam pinheiros com máscaras de Baco, no decurso das celebrações das saturnálias, festividades pagãs que, como as Nicolinas, aconteciam num tempo próximo do Natal cristão. Um dos costumes associados ao pinheiro de Natal prende-se com a colocação de presentes nos seus ramos ou a seus pés. O mesmo acontecia, pelo menos em finais do século XIX, o pinheiro dos estudantes de Guimarães. O mastro era adornado com “ofertas ao pinheiro” e com as prendas recebidas nas posses, as quais seriam partilhadas com quem aparecesse ao magusto.

Assim sendo, tal pinheiro, tal pinheirinho...

Fonte:
http://araduca.blogspot.com

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