Pois é mais um ano, mais umas Festas Nicolinas e outras tantas danças..."mais uma volta, mais uma oportunidade!".
E eu vou recuar aos meus tempos de estudante: eu e o Paulo Rodrigues, fomos colegas de turma, do 8.° até ao 12.° ano, entre 1983 e 1987. Estivemos juntos naquele que era e desejo que continue, o melhor liceu do mundo: o "Liceu" de Guimarães. Perdoar-me-ão, mas não consigo chamar-lhe "Escola Secundária", isso cheira a menosprezo: como é que uma Escola Principal pode ser secundária?
Seguimos caminhos diferentes, eu cursei engenharia e ele, medicina dentária. Eu no Porto, ele em Coimbra. Eu enfiado no Orfeão Universitário do Porto, ele na Associação Académica de Coimbra. Metemo-nos nestas "academices" pela via musical, eu no Porto acompanhado de outros vimaranenses e ele, em Coimbra, acompanhado (à guitarra...) pelo Pedro Paredes, outro conterrâneo. E se nos idos de 80 eu já tentava escrever umas letras para as músicas que ele compunha, foi agora sob o signo de São Nicolau que nos juntámos para fazer uma música.
Pois quis assim o destino, assim estava escrito o nosso fado. Eu fiz a letra, um poemazinho singelo, no ano passado, na semana seguinte às nicolinas e ele musicou-o. Chamamos-lhe "Fado Nicolino", que será, mais propriamente e segundo os cânones, uma balada ou toada coimbrã.
Vamos apresentá-lo nesta edição das Danças de São Nicolau, perdoem-nos a ousadia! Assim de paga uma dívida de mais de vinte anos. Dedicamo-lo a todos os Nicolinos.
Isto das "tradições académicas" comporta algo de folclórico... Claro que andar "trajado" tem essas conotações, talvez seja algo anacrónico. Mas isto de convivermos desde as carteiras da escola em camaradagem, castigando peles de bombos e caixas, tem que se lhe diga - é o que nos distingue... não é americano nem Made in Taiwan.
O que nos distingue dos outros povos? Parece que cada vez menos.
Esta réstia de romantismo será, porventura, serôdia, mas ainda nos diz algo.
Nesta era da globalização, da normalização e da anglicização o que nos resta? Ouvimos e lemos constantemente estas pérolas de bom "português":
-Para estar sempre on-line há que fazer um upgrade depois do download do software, se não se apanha o link fica-se em standby.
-Tenho um feeling que este franchising só em futuro com mais marketing, para haver mais feedback é preciso mais know-how, um mailing..,
-Faz-se um breefing para decidir um downsizing ou um outsourcing (isto é jargão de Gestonês, a língua dos Gestores - subespécie que nos levou à bancarrota).
Luís de Camões e Fernando Pessoa (um pouco anglófilo, concedo) que diriam?
Estaremos compelidos a comer hambúrgueres da MacDonalds e emborcar refrigerantes "ricos em açúcar", produtos todos iguais, calibrados, sem alma...? Digamos não à Fast Food e sim ao pica-no-chão!
Não à Coca-Cola e sim ao Vinho verde! (esta sim, é de uma auto-ironia atroz...) E, já agora, o que é que o Jazz tem de português?
Digamos não Halloween e sim às tradições nacionais, sim à cultura estudantil!
Nós, os nicolinos, lídimos defensores das tradições académicas e dignos representantes do homo vimaranensis temos uma palavra dizer e um papel a desempenhar.
Mas, por favor, tirem-me da frente esse tricornos de calções! Mandem-nos para o estrangeiro... em Braga é que eles estão bem!
Para espanto geral, Teolindo, o Camareiro, reúne toda a família e amigos, a fim de dar uma novidade absoluta, algo inimaginável, uma verdadeira bomba! Teolindo revela a sua homossexualidade e, entusiasmado pelo exemplo de Manuel Goucha, deseja assumir a sua relação com um estrangeiro amouriscado proveniente daquela territa a norte do condado, habitada por arcebispos, arciprestes e outros homens de saia, cujo nome nem convém pronunciar...
Mas não é só, querem casar e adotar... Será que vão de ter de ir a Castela, onde o primo Afonso VII e o Alcaide Sapateiro, parecem mais liberais com as escolhas sexuais?
E como reagirá a família a tudo isto? Afonso que considera Teolindo um irmão, D. Muma, que anda sempre curiosa por experimentar novas sensações e o Truão, que, já se sabe, se impressiona com estas coisas ou D.Tareja, que aprecia jogos amorosos múltiplos, mas sempre a jogar na mesma equipa...
Concepção e Direcção Geral - Miguel Bastos
Textos originais e adaptações - Miguel Bastos
Jorge Castelar Guimarães
Ricardo Gonçalves
Francisco Castro Ferreira
Rolando Sampaio
Letras - Miguel Bastos
Coreografia (quando houver...) - Anónimo desconhecido
Cenografia - André Malheiro e Tiago Oliveira
Sonoplastia - Equipa do C. C. Vila Flor
Luminotecnia - Equipa do C. C. Vila Flor
Ponto Electrónico - Capela Miguel
Guarda-Roupa / Adereços - D. Edite Pereira
Assoc. Marcha Gualteriana
A.A.E. L.G.-Velhos Nicolinos
Apoióscopos - Cervejaria Martins
Orquestra - Trovadores do Cano
Ensaios - Sede (ainda incompleta) dos Trovadores do Cano
Realização - A.A.E. L.G.-Velhos Nicolinos
Direcção Musical - Maestro Manuel Magalhães
Arranjo do "Coro Eslavo de Gospel"
Maestro António Sérgio Ferreira
Coordenação - A.A.E.L.G.-Velhos Nicolinos