Eu, D. Nepomocenus Flicus-Flacus Pipus Bandullus, por graça de Sua Majestade atroadora El-Rei Zabumba, Juiz perpétuo da confraria de S. Nicolau de Guimarães, Poeta nefilibata dos idílios dos novos chafarizes, Conservador do Macacão das Dominicas, Membro de várias Academias científico-literárias, Embaixador em váriaspartes do mundo e ilhas adjacentes, Cavaleiro da Ordem dos Postalários, Ardido Cultural, Administrador desportivo-complexivo, Engenheiro de obras feitas, programadas e prometidas, Governador dos Bancos dos Reformados, Costureio-criador de roupa interior para as mais afamadas modelos, Conselheiro do Sopeirame, Ex-futuro-pré-candidato à autarquia local, etc., etc., faço saber que continuam as Festas de S. Nicolau em Guimarães, e que por uma Portaria de D. Annoymo Gargantil, conhecido doutor Gramatico-Filosofico-Latinista, se vai realizar mais um espetáculo das Danças dos Novos, Velhos, Reformados e decrépitos ao abrigo do disposto nos famosos Estatutos desaparecidos que regem o seu funcionamento. Que o pano suba! As tradições académicas nicolinas são das mais antigas do país! São mais de três séculos a festejar São Nicolau e os estudantes vimaranenses!
6 de Dezembro de 2004 As tradições são património!
É noite no castelo... Cá fora as movimentações costumeiras das profissionais do sexo. De noite todos os gatos são pardos... mas não são parvos... Tudo se movimenta: Afonso e o Truão querem visitar a sopeira, D. Urraca agastada com os gases vai à latrina, o camareiro vai às cavalariças buscar leitinho, D. Muma Fecha as portas... Tudo isto sem luz elétrica o que dará azo a alguns equívocos...
Textos originais e adaptações - Miguel Bastos Textos dos Jograis Nicolinos - Rolando Sampaio Letras - Miguel Bastos Coreografia (quando houver...) - F. Capela Miguel Cenografia - Miguel Bastos Sonoplastia - Carlos Cerca & Cia. Luminotecnia - Carlos Cerca & Cia Caracterização - Informal de Gala Ponto Electrónico - F. Capela Miguel Contra-as-regras - Vicente Salgado Guarda-Roupa / Adereços - D. Edite Pereira Associação Marcha Gualteriana A.A.E.L.G.-Velhos Nicolinos Voz "Off" - M. Bozoff Apoióscopos - Cervejaria Martins Orquestra - Trovadores do Cano Ensaios - Sede dos Trovadores do Cano Livro - Ricardo Gonçalves Desenho da Capa - Tiago Guimarães e Rui Guimarães Realização - A.A.E.L.G.-Velhos Nicolinos Direcção Artística - Miguel Bastos Capela Miguel Direcção Musical - Maestro Manuel Magalhães Coordenação - A.A.E.L.G.-Velhos Nicolinos
Agradecimentos - Câmara Municipal de Guimarães Associação Marcha Gualteriana
Orfeão Universitário do Porto
Afonso - José Ribeiro D. Muma - Tiago Oliveira Truão - João Mesquita Camareiro - Chico Ribeiro D. Urraca - Ricardo Gonçalves Elvira - Vicente Salgado S. Nicolau - Cândido Costa Dr.S.Carvalho - Miguel Bastos Dr.J.Cunha - Ricardo Guimarães Maestro Carreira - António Sérgio Ferreira Psicólogo - José Almeida Fernandes Pai - Paulo Jorge Rodrigues Filho - José Almeida Publicitário I - Pedro Bastos Publicitário II - Pedro Abreu Publicitário III - João Almeida Publicitário IV - J. Pinto Jograis Augusto Costa
António Teixeira
João Neves
Rolando Sampaio
Jozef Al Maída - José Almeida Jozef Al Maída Phér Nandske - José Almeida Fernandes Dr.Ornelas - Luís Almeida Dr.S.Carvalho - Miguel Bastos Dr.J.Cunha - Ricardo Guimarães Maestro Carreira - António Sérgio Ferreira Presidente da Junta - Marco Oliveira General - José Almeida Fernandes Bispo - José Almeida Comandante da polícia - Rui Beirão Comandante dos Bombeiros - Filipe Vinagreiro Dra.Alzira - Luís Guise Meninos - José Gaspar Jordão Francisco Soares Pedro Abreu João Almeida Armando Castro Vásselina - Tiago Oliveira Príncipe Audlev -Rui Beirão Fédor - Pedro Bastos Fóder Rui Guimarães Bruxo Dfaff - Armando Castro Fada Ágata - Filipe Vinagreiro Pitas e Patas -José Gaspar Jordão Francisco Soares Luís Guise Sérgio Abreu Carlos Marques João Almeida Paulo Pereira Prof. José Hermano Sem-raiva - Luís Almeida Los Mosqueteros - Miguel Bastos António Sérgio Ferreira Rui Costa
Ramiro, o vendedor - Damião Martins Adérito Picheleiro - Miguel Bastos Joaquim Passarinho - Paulo Jorge Rodrigues Jerónimo Caracol - Rui Costa
MANEL D'OLIVEIRA Trovadores do Cano
JOGRAIS NICOLINOS "AQUELA MOÇA FORMOSA" Rolando Sampaio João Neves António Teixeira Augusto Costa INTRODUÇÃO
O Trovador galaico-português Pêro Pan de Padronêlo viveu no século XII Foi Jogral, (mas trovador!),..., da duas cortes, a portuguesa e a galega, aliás muito visitada pelos portugueses, conhecida por... "El Corte Inglês". Tendo cultivado os três géneros de cantigas: as de amor, de amigo e de escárnio e mal-dizer foi um inovador pois introduziu a chamada "cantiga-síntese" dos três géneros: a cantiga de escórnio. Este género inclui os outros pois fala do amor a uma dama que era mulher do amigo que, encornado, é alvo de escárnio. Foi coevo de outro trovador, seu rival, José de Castelo Branco que cultivou os dois géneros: o masculino e o feminino. Aliás explorou bastante o seu lado feminino... que era o lado de trás! Pêro Pan de Padronêlo era apaixonada por D. Maria Joana Lobeira Coelho, filha do Conde de Riba-Tua, D. Rodrigo Coelho. D. Rodrigo era irmão gémeo de D. Eurico Coelho, Conde de Riba-UI e eram ambos enormes e poderosos. Eram conhecidos pelos "Coelhões"... Embora amor de Pêro Pan de Padronêlo fosse proibido, ele estava apanhado, pois era viciado em Maria-Joana! Para escapar à ira de seu pai compôs uma cantiga em recorre à metáfora (e não devemos confundir metáfora com "tiráfora" que é quando se tem que tirar rapidamente... muito menos com "mijáfora" que é quando se mija fora do penico..), voltando à metáfora... O trovador serviu-se de um expediente. Assim, nesta cantiga que fala de uma formosa moça do povo que leva uma vaca ao mercado para vender e que o consegue fazer junto de um cliente desconfiado e que depois volta a casa e junto à ribeira encontra um cavaleiro…deve-se interpretar a moça como a sua amada,D. Maria-Joana, a vaca como o seu amor, o freguês como o Conde de Riba-Tua e o cavaleiro como o Trovador. Não devemos, contudo trocar esta ordem senão podemos pensar que o Conde é o Cavaleiro, (a moça,o seu amor), o Trovador é um freguês e a D. Maria-Joana uma vaca... Feito este aviso dizemos ainda que Pêro Pan de Padronêlo batizou a sua cantiga, como era costume nessa época com os primeiros versos da mesma: "Aquela moça formosa, Por se ver triste e mui fraca..." mas como lhe pareceu algo inadequado para um título, rebatizou-a como: "Aquela moça formosa, Por se ver triste e mui fraca, Decidiu vender, pesarosa, sua riqueza preciosa, Qu'era uma grande vaca" A peça foi "inconada", perdão, foi encontrada num incunábulo que andava aos tombos na Torre do Tombo. Foi composta para arrabil, cítola e alaúde, mas por falta da pauta... Bom... Escutaremos, de seguida, a versão não musicada de "Aquela moça formosa, Por se ver triste… mmm..mmm.mmm... era uma grande vaca".