Arquivo: A Posse do Padre Monteiro

Com grande entusiasmo, realizou-se este ano, na noite de 4 do corrente, a costumada posse em casa do nosso prezado amigo snr. padre António Augusto Monteiro.
Eram quase 9 horas quando tomou a presidência o rev. Francisco António Peixoto de Lima, presidente vitalício e grande entusiasta das festas nicolinas, secretariado pelos snrs. dr. António Amaral e Jerónimo Sampaio.
Lida a acta da última sessão, passou-se à ordem da noite que consistiu em fazer passar ao estômago maçãs, uvas, nozes, pinhões, castanhas, figos de ceira, doce sortido, pastéis e vinho verde, de Lamego, de Murça, cognac e aguardente de bagaço.
Aos brindes, pediram o chapéu os snrs: padre Francisco Lima, que fez uma saúde a todos os seus consócios naquela posse, especializando o seu velho o querido amigo padre António Monteiro.
O snr. dr. António Amaral brindou ao dono da casa e fez votos para que sua exa. abundasse sempre nas mesmas ideias.
O snr. João Amaral bebeu à saúde de todos os assistentes e pediu para que se exarasse na acta um voto de profundo pesar pelo falecimento do entusiasta rev.º Eugénio de Araújo Mota.
O snr. Manuel Luís do Pina disse que, se um dia os estudantes, por qualquer motivo, deixassem da fazer a festa que se fizesse todo o possível para readquirir o quadro de Minerva, a fim de ser colocado na sala do padre Monteiro visto ser ali que todos os anos se reuniam os verdadeiros entusiastas das festas do S. Nicolau.
O snr. Jerónimo Sampaio, depois de agradecer as amáveis referências do seu amigo padre Lima saudou os três militares ali presentes: major Flores, capitão Martins e tenente Novais Teixeira e fez os mais sinceros votos para que nunca deixasse de se reunir ali em alegre convívio, aquele grupo de entusiastas das festas escolásticas
O snr. Fernando Amaral bebeu à saúde do padre Monteiro, rei-imperador daquela festa tão simpática.
O snr. João Barbosa brindou ao seu amigo padre António Carvalho, o qual agradeceu, saudando todos os assistentes.
O snr. major Flores, em seu nome e no do filho do Vae-Boden da Transilvânia, pedia desculpa de não ter comparecido à posse no ano anterior e bebeu à saúde dos novos e velhos entusiastas.
O snr. padre Monteiro, agradecendo as amáveis referências que lhe foram dirigidas, declarou que todos os anos receberia naquela noite, com o maior prazer os seus amigos e entusiastas dos tradicionais folguedos.
A dança do Rei David foi magistralmente executada, bem como o hino escolástico, que foi deliciosamente cantado sob a hábil regência do entusiasta Domingos Leite Mendes. Seis vezes foi bisado e seis vezes foi extraordinariamente aplaudido.
Na sala compareceu, por mero acaso, um distinto fotógrafo amador que de bom grado se prestou a fotografar sua majestade o rei-imperador António Monteiro e sua alteza realíssima o príncipe Francisco Lima, cujo grupo será distribuído para o ano, se o cliché
não estiver inutilizado, o que é mais provável, em virtude da muita luz que estava na sala.
Já quase ao terminar aquela alegre festa, apareceu na rua a briosa academia e em frente da habitação do snr. padre Monteiro saudou com bravos e palmas os velhos entusiastas das festas. À janela apareceram todos os convidados do padre Monteiro que, por sua vez, levantaram vivas aos académicos e principalmente à comissão de 1904.
À posse compareceram os seguintes snrs: Padre António Monteiro, padre António Mendes Leite, padre António de Carvalho, António Amaral, Fernando Amaral, Alves Mendes, Jerónimo Sampaio, João Andrade, Domingos Leite Mendes, padre Francisco Lima, padre Manuel Ramos, Major Fores, José de Freitas, João Lopes de Faria, capitão Martins, tenente Teixeira, João Barbosa e Rodrigo José Leite Dias.
Foi lido um ofício em nome do snr. Agostinho Dias de Castro, pedindo desculpa de não comparecer na posse por se encontrar actualmente no Seminário de Braga.
Independente, 4.º ano, n.º 159,
Guimarães, 11 de Dezembro de 1904

Fonte:http://araduca.blogspot.com



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